CRISE DE AUTORIDADE
A Suécia sempre é lembrada como um país em que existe bastante liberdade para o cidadão.
Isso acontece desde a infância. Os filhos são criados como se fossem amigos. Os pais, assim, ficam constrangidos no sentido de colocar limites ou mesmo proibições na educação de suas crianças. Para David Eberhard, esta postura seria equivocada:
“Dizer ‘não’ a uma criança não é o mesmo que bater em uma criança. Os pais devem agir como pais, não como melhores amigos (…) Eles devem preparar os filhos para a vida adulta , ensinando-lhes como se comportar e não tratá-los como príncipes ou princesas . Na Suécia , eles pensam que qualquer forma de intervenção contra a criança seria uma espécie deautoritarismo, como se ela estivesse sendo molestada. “ *
Quando as crianças suecas entram nas escolas, é comum elas “recusaram as instruções dos professores.”** Com tanta liberdade, elas tendem a ser pessoas entediadas ao chegar à vida adulta. Como consequência, ocorrem muitos suicídios entre os jovens do país:
“Os jovens, na Suécia, tendem a ficar decepcionados com a vida, especialmente na faixa dos vinte anos. (…) Embora haja uma queda da taxa geral de suicídios, há ainda um grande aumento em tentativas de suicídio, especialmente entre meninas de 15 a 25.” *
Trata-se da realidade de um país desenvolvido. No Brasil, algo parecido, poderia ser associado ao universo das crianças de classe média ou da chamada “alta sociedade”.
Entretanto, existem diferenças. Há uma crise de autoridade no país (não só nestas classes), mas, aqui, essa questão é bem mais complexa do que na Suécia na medida em que envolve, além da família, crises do sistema de educação, desemprego e descrença quanto aos políticos de uma forma geral.
Outra diferença importante diz respeito ao comportamento. O suicídio não é um problema tão grave aqui como é na Suécia. Os jovens, no Brasil, apesar de existir uma crise quanto ao futuro, podem até se rebelar ou participar de passeatas, mas preferem morar com os pais, mesmo sem trabalhar ou estudar, mesmo tendo os próprios filhos ou não, do que dar fim a própria vida.
Judith Woods** escreveu um artigo para The Telegraph, um jornal inglês, de um país desenvolvido. Talvez isso explique o que poderia parecer uma visão simplista demais para um tema tão complexo. No entanto, o que faltou analisar seria a importância do neoliberalismo na formação de adultos céticos, cínicos, violentos ou niilistas. Trata-se de um sistema (globalizado) capitalista e tal problemática valeria tanto para a Suécia, a Inglaterra ou o Brasil.
(*) David Eberhard, psychiatrist and author of How Children Took Power. In.: Judith Woods. Have Sweden’s permissive parents given birth to a generation of monsters? The Telegraph, 13 Feb 2014. (**) Judith Woods. Have Sweden’s permissive parents given birth to a generation of monsters? The Telegraph, 13 Feb 2014. http://www.telegraph.co.uk/women/mother-tongue/10636279/Have-Swedens-permissive-parents-given-birth-to-a-generation-of-monsters.html
A Suécia sempre é lembrada como um país em que existe bastante liberdade para o cidadão.
Isso acontece desde a infância. Os filhos são criados como se fossem amigos. Os pais, assim, ficam constrangidos no sentido de colocar limites ou mesmo proibições na educação de suas crianças. Para David Eberhard, esta postura seria equivocada:
“Dizer ‘não’ a uma criança não é o mesmo que bater em uma criança. Os pais devem agir como pais, não como melhores amigos (…) Eles devem preparar os filhos para a vida adulta , ensinando-lhes como se comportar e não tratá-los como príncipes ou princesas . Na Suécia , eles pensam que qualquer forma de intervenção contra a criança seria uma espécie deautoritarismo, como se ela estivesse sendo molestada. “ *
Quando as crianças suecas entram nas escolas, é comum elas “recusaram as instruções dos professores.”** Com tanta liberdade, elas tendem a ser pessoas entediadas ao chegar à vida adulta. Como consequência, ocorrem muitos suicídios entre os jovens do país:
“Os jovens, na Suécia, tendem a ficar decepcionados com a vida, especialmente na faixa dos vinte anos. (…) Embora haja uma queda da taxa geral de suicídios, há ainda um grande aumento em tentativas de suicídio, especialmente entre meninas de 15 a 25.” *
Trata-se da realidade de um país desenvolvido. No Brasil, algo parecido, poderia ser associado ao universo das crianças de classe média ou da chamada “alta sociedade”.
Entretanto, existem diferenças. Há uma crise de autoridade no país (não só nestas classes), mas, aqui, essa questão é bem mais complexa do que na Suécia na medida em que envolve, além da família, crises do sistema de educação, desemprego e descrença quanto aos políticos de uma forma geral.
Outra diferença importante diz respeito ao comportamento. O suicídio não é um problema tão grave aqui como é na Suécia. Os jovens, no Brasil, apesar de existir uma crise quanto ao futuro, podem até se rebelar ou participar de passeatas, mas preferem morar com os pais, mesmo sem trabalhar ou estudar, mesmo tendo os próprios filhos ou não, do que dar fim a própria vida.
Judith Woods** escreveu um artigo para The Telegraph, um jornal inglês, de um país desenvolvido. Talvez isso explique o que poderia parecer uma visão simplista demais para um tema tão complexo. No entanto, o que faltou analisar seria a importância do neoliberalismo na formação de adultos céticos, cínicos, violentos ou niilistas. Trata-se de um sistema (globalizado) capitalista e tal problemática valeria tanto para a Suécia, a Inglaterra ou o Brasil.
(*) David Eberhard, psychiatrist and author of How Children Took Power. In.: Judith Woods. Have Sweden’s permissive parents given birth to a generation of monsters? The Telegraph, 13 Feb 2014. (**) Judith Woods. Have Sweden’s permissive parents given birth to a generation of monsters? The Telegraph, 13 Feb 2014. http://www.telegraph.co.uk/women/mother-tongue/10636279/Have-Swedens-permissive-parents-given-birth-to-a-generation-of-monsters.html