ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO [11-06-2014]
Existem alguns marcos históricos no que diz respeito ao ensino superior no Brasil. Um foi como a criação da Universidade do Rio de Janeiro em 1920.* O outro foi a criação da Universidade de São Paulo em 1934.**
Foi sobretudo na ditadura militar que ocorreu o processo de criação de mais universidades e a federalização de algumas unidades. Ou seja:
“(...) é no regime militar que ocorre a grande expansão do ensino superior no Brasil. Entretanto, tal expansão foi caracterizada pela ação da iniciativa privada, apoiada pelo Estado. Portanto, a expansão ocorreu no âmbito privado e em raros momentos no âmbito estatal. No âmbito estatal foram criadas algumas universidades estaduais e ocorreram algumas federalizações através da anexação de instituições privadas, com a finalidade contrabalançar a expansão do ensino privado.”***
Além de privilegiar a iniciativa privada, não havia muitos critérios para a criação de universidades federais. Muitas foram sugestões de políticos influentes no período (como a Universidade Federal de Uberlândia). Neste sentido, o estado que recebeu o maior número de universidades federais (até 1985) foi Minas Gerais.
Com raras exceções, havia uma baixa qualidade de ensino nas faculdades e universidades particulares. Isso começou a mudar com a instituição do Provão – sistema de avaliação do ensino superior – e a ameaça de fechamento daquelas unidades que não ofereciam qualidade na educação.
“(...) o Provão rendeu mais benefícios do que todas as políticas nacionais para o ensino superior aplicadas nos últimos 196 anos, desde que foi aberta a primeira faculdade no Brasil, a de medicina, em Salvador. Pela primeira vez, um critério objetivo foi colocado em prática para separar as universidades em níveis distintos de qualidade acadêmica. A prova destacou as faculdades que estavam no caminho certo e jogou holofotes sobre as instituições sem nenhum compromisso com o bom ensino – na maioria particulares. (...) Para recuperar mercado, muitas faculdades empreenderam uma corrida para incrementar a sua qualidade. Depois do Provão, o número de professores da rede privada com mestrado ou doutorado no currículo saltou de 28% para 50%.” **²
Além do risco de verem as suas instituições fechadas, os donos das faculdades e universidades particulares não queriam que suas unidades ficassem comprometidas no mercado a partir da avaliação do governo federal. Por isso, houve, na época, um incentivo na melhoria da qualificação dos seus professores e ainda a contratação de mestre e doutores.
Tudo isso aconteceu na era Fernando Henrique Cardoso (FHC), sob a liderança do ministro da educação, Paulo Renato Souza. Com a saída de FHC da presidência da República, esse quadro mudaria. O temido Provão seria extinto:
“O projeto do atual [2004] ministro da Educação, Tarso Genro, que aguarda apenas a sanção do Palácio do Planalto, desfigurará o Provão. Os cursos deixarão de ser avaliados todo ano e passarão a ser testados a cada três anos. A prova não será mais aplicada a todos os alunos. Na nova versão, o exame será realizado por amostragem, definida por sorteio. Farão o teste estudantes do primeiro e do último ano do curso. O objetivo é medir quanto a faculdade adicionou de conhecimento ao longo dos estudos. Não sobrará nem o nome. Sairá de cena o Provão, grife tucana, e entrará o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes, o Enade do PT.”**²
Se antes, com o Provão, “para recuperar mercado (...) o número de professores da rede privada com mestrado ou doutorado no currículo saltou de 28% para 50%.”, depois do governo federal do PT e com as iniciativas de Tarso Genro, ocorreu exatamente o contrário. Em 2005, o ILC Online publicou:
“Um contra-senso toma conta do ensino superior privado brasileiro. Quanto mais preparado o professor, mais risco ele tem de ser preterido. Há alguns meses, profissionais com formação de doutor vêm sendo demitidos das Universidades e faculdades particulares e amargam uma quase impossível recolocação que leve em conta o seu título.”**³
Essa realidade não mudou nos dois governos de Lula e nem no primeiro governo de Dilma (todos do PT). As propagandas oficiais tentam mostrar que o Brasil melhorou bastante e passou a ser respeitado depois que o PT chegou ao poder. “Esquecem” de mostrar que Lula, ao sair do governo, era piada no cenário internacional e a Dilma, agora, é questionada por causa dos gastos com a Copa do Mundo e a imagem do Brasil no exterior é a de país de passeatas e protestos, um lugar de crise social, imagem bem diferente daquela que aparece nos comerciais e nos discursos dos políticos petistas.
(*) http://www.ufrj.br/pr/conteudo_pr.php?sigla=HISTORIA
(**)http://www5.usp.br/institucional/a-usp/historia/
(***) Edison Martin e Paulino José Orso A expansão do ensino superior no contexto do regime militar: seus desdobramentos no oeste paranense. http://www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/seminario/seminario7/TRABALHOS/E/Edison%20martin.pdf
(**²) Monica Weinberg. As notas no Provão dos 260
melhores cursos superiores. Veja, 31-03- 2004. http://veja.abril.com.br/310304/p_084.html
(**³)http://www.ilc.ufpa.br/jornal/artigo/index.php?id=3
Existem alguns marcos históricos no que diz respeito ao ensino superior no Brasil. Um foi como a criação da Universidade do Rio de Janeiro em 1920.* O outro foi a criação da Universidade de São Paulo em 1934.**
Foi sobretudo na ditadura militar que ocorreu o processo de criação de mais universidades e a federalização de algumas unidades. Ou seja:
“(...) é no regime militar que ocorre a grande expansão do ensino superior no Brasil. Entretanto, tal expansão foi caracterizada pela ação da iniciativa privada, apoiada pelo Estado. Portanto, a expansão ocorreu no âmbito privado e em raros momentos no âmbito estatal. No âmbito estatal foram criadas algumas universidades estaduais e ocorreram algumas federalizações através da anexação de instituições privadas, com a finalidade contrabalançar a expansão do ensino privado.”***
Além de privilegiar a iniciativa privada, não havia muitos critérios para a criação de universidades federais. Muitas foram sugestões de políticos influentes no período (como a Universidade Federal de Uberlândia). Neste sentido, o estado que recebeu o maior número de universidades federais (até 1985) foi Minas Gerais.
Com raras exceções, havia uma baixa qualidade de ensino nas faculdades e universidades particulares. Isso começou a mudar com a instituição do Provão – sistema de avaliação do ensino superior – e a ameaça de fechamento daquelas unidades que não ofereciam qualidade na educação.
“(...) o Provão rendeu mais benefícios do que todas as políticas nacionais para o ensino superior aplicadas nos últimos 196 anos, desde que foi aberta a primeira faculdade no Brasil, a de medicina, em Salvador. Pela primeira vez, um critério objetivo foi colocado em prática para separar as universidades em níveis distintos de qualidade acadêmica. A prova destacou as faculdades que estavam no caminho certo e jogou holofotes sobre as instituições sem nenhum compromisso com o bom ensino – na maioria particulares. (...) Para recuperar mercado, muitas faculdades empreenderam uma corrida para incrementar a sua qualidade. Depois do Provão, o número de professores da rede privada com mestrado ou doutorado no currículo saltou de 28% para 50%.” **²
Além do risco de verem as suas instituições fechadas, os donos das faculdades e universidades particulares não queriam que suas unidades ficassem comprometidas no mercado a partir da avaliação do governo federal. Por isso, houve, na época, um incentivo na melhoria da qualificação dos seus professores e ainda a contratação de mestre e doutores.
Tudo isso aconteceu na era Fernando Henrique Cardoso (FHC), sob a liderança do ministro da educação, Paulo Renato Souza. Com a saída de FHC da presidência da República, esse quadro mudaria. O temido Provão seria extinto:
“O projeto do atual [2004] ministro da Educação, Tarso Genro, que aguarda apenas a sanção do Palácio do Planalto, desfigurará o Provão. Os cursos deixarão de ser avaliados todo ano e passarão a ser testados a cada três anos. A prova não será mais aplicada a todos os alunos. Na nova versão, o exame será realizado por amostragem, definida por sorteio. Farão o teste estudantes do primeiro e do último ano do curso. O objetivo é medir quanto a faculdade adicionou de conhecimento ao longo dos estudos. Não sobrará nem o nome. Sairá de cena o Provão, grife tucana, e entrará o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes, o Enade do PT.”**²
Se antes, com o Provão, “para recuperar mercado (...) o número de professores da rede privada com mestrado ou doutorado no currículo saltou de 28% para 50%.”, depois do governo federal do PT e com as iniciativas de Tarso Genro, ocorreu exatamente o contrário. Em 2005, o ILC Online publicou:
“Um contra-senso toma conta do ensino superior privado brasileiro. Quanto mais preparado o professor, mais risco ele tem de ser preterido. Há alguns meses, profissionais com formação de doutor vêm sendo demitidos das Universidades e faculdades particulares e amargam uma quase impossível recolocação que leve em conta o seu título.”**³
Essa realidade não mudou nos dois governos de Lula e nem no primeiro governo de Dilma (todos do PT). As propagandas oficiais tentam mostrar que o Brasil melhorou bastante e passou a ser respeitado depois que o PT chegou ao poder. “Esquecem” de mostrar que Lula, ao sair do governo, era piada no cenário internacional e a Dilma, agora, é questionada por causa dos gastos com a Copa do Mundo e a imagem do Brasil no exterior é a de país de passeatas e protestos, um lugar de crise social, imagem bem diferente daquela que aparece nos comerciais e nos discursos dos políticos petistas.
(*) http://www.ufrj.br/pr/conteudo_pr.php?sigla=HISTORIA
(**)http://www5.usp.br/institucional/a-usp/historia/
(***) Edison Martin e Paulino José Orso A expansão do ensino superior no contexto do regime militar: seus desdobramentos no oeste paranense. http://www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/seminario/seminario7/TRABALHOS/E/Edison%20martin.pdf
(**²) Monica Weinberg. As notas no Provão dos 260
melhores cursos superiores. Veja, 31-03- 2004. http://veja.abril.com.br/310304/p_084.html
(**³)http://www.ilc.ufpa.br/jornal/artigo/index.php?id=3