PAIS E FILHOS: ATOS E CONSEQUÊNCIAS
O mundo mudou. Óbvio? Nem tanto. Os jornalistas, pela profissão, estão acostumados a lidar mais com o “imediato”. Os historiadores tratariam do “passado”, portanto, estariam mais acostumados a perceber os fatos numa perspectiva (histórica) mais ampla.
O cineasta Arnaldo Jabor - que trabalha (atualmente) mais como jornalista - reclamou da realidade nos dias de hoje:
“O que aconteceu conosco? Professores maltratados nas salas de aula, comerciantes ameaçados por traficantes, grades em nossas janelas e portas. Que valores são esses? Automóveis que valem mais que abraços, filhas querendo uma cirurgia como presente por passar de ano. Celulares nas mochilas de crianças. O que vais querer em troca de um abraço? A diversão vale mais que um diploma. Uma tela gigante vale mais que uma boa conversa. Mais vale uma maquiagem que um sorvete. Mais vale parecer do que ser… Quando foi que tudo desapareceu ou se tornou ridículo?”*
A questão não é se ele tem ou não razão. Ele descreve o óbvio. Isso, porém, não é pouco. Além de jornalista, ele é mais velho e viu épocas diferentes da atual. Os jovens, no entanto, parecem não ter essa percepção.
Encontrar as causas, provavelmente, ajudaria compreender a realidade. Quem criou tudo isso? Nós mesmos. Todos (ou a maioria, pelo menos)...
Afinal, como poderia dar certo aquela velha história – defendida por algumas feministas – de produção independente (criar um filho sem a figura do pai)?
Muitas lideranças políticas brasileiras (do governo e da situação), na prática, sempre defenderam que a educação criaria uma sociedade mais consciente e, assim, mais difícil de enganar; o que levou (esses políticos) ao privilégio de qualquer coisa (pontes, estádios e assim por diante) exceto valorizar o professor e a formação de cidadãos mais conscientes.
Pai e mãe trabalham fora de casa e, de fato, evitam o contato com os filhos (quem nunca ouviu reclamação de pais falando que as férias dos filhos estariam “longa demais”?!...). As crianças são criadas, desde muito pequenas, em “escolinhas” e diante de qualquer reclamação dos filhos (não todos, claro), pais ameaçam processar os professores e as escolas. Em casa, os mesmos pais acreditam que bastaria comprar coisas (como vídeo-game, celular, computadores e “roupas de marca”) e dar dinheiro que evitariam as reclamações do filhos e isso seria uma forma de “educar”.
Mimados, os filhos crescem sem a percepção do que seria autoridade, hierarquia ou ordem. Eles imaginam (equivocadamente) que tudo e todos deveriam existir só para realizar os seus desejos. Quando isso não acontece, ficam com raiva e partem, muitas vezes, para a agressão física contra os mais velhos (os próprios pais ou os policiais, professores, padres, entre outros).
As inovações tecnológicas aparecem como “aliadas” no sentido de distanciar uns dos outros. Ser criado pela internet e pelos “games” (celulares, “tablets”, notebooks e computadores) não significa exatamente ter uma percepção correta do que acontece na vida real, no cotidiano da sociedade.
Neste contexto, os filhos “atuais” chegam aos 18 anos cansados e com bastante tédio. Bebidas alcoólicas? Drogas ilegais (ou legais)? Experiências sexuais (normais ou “bizarras”)? Nada seria novidade.
Os mais velhos – como o Arnaldo Jabor – sentem um saudosismo de uma época em que as coisas eram diferentes. Entretanto, não existe muito o que fazer diante das ações feitas por esses mesmos velhos que, durante décadas, agiram como se não houvesse futuro ou consequências para os seus atos.
Sexo, drogas & rock & roll? Igualdade total entre homens e mulheres (quando são, biologicamente, diferentes)? Utilizar o bem público para enriquecimento próprio (e imaginar que os filhos seriam honestos)?
Casar não necessariamente por amor e sim porque a namorada (agora mãe dos filhos) ficou grávida? Elogiar o "jeitinho brasileiro" que, de fato, era uma forma de "passar os outros para trás", utilizando a corrupção e outros meios mais "discretos"?
Como imaginar que seria possível, num contexto assim, criar adultos responsáveis e éticos?
Reclamar é bom e natural... e um pouco de autocrítica também.
Quem procura a causa (ou a culpa) de algo que saiu errado, claro, deve começar pelo espelho.
O mundo mudou. Óbvio? Nem tanto. Os jornalistas, pela profissão, estão acostumados a lidar mais com o “imediato”. Os historiadores tratariam do “passado”, portanto, estariam mais acostumados a perceber os fatos numa perspectiva (histórica) mais ampla.
O cineasta Arnaldo Jabor - que trabalha (atualmente) mais como jornalista - reclamou da realidade nos dias de hoje:
“O que aconteceu conosco? Professores maltratados nas salas de aula, comerciantes ameaçados por traficantes, grades em nossas janelas e portas. Que valores são esses? Automóveis que valem mais que abraços, filhas querendo uma cirurgia como presente por passar de ano. Celulares nas mochilas de crianças. O que vais querer em troca de um abraço? A diversão vale mais que um diploma. Uma tela gigante vale mais que uma boa conversa. Mais vale uma maquiagem que um sorvete. Mais vale parecer do que ser… Quando foi que tudo desapareceu ou se tornou ridículo?”*
A questão não é se ele tem ou não razão. Ele descreve o óbvio. Isso, porém, não é pouco. Além de jornalista, ele é mais velho e viu épocas diferentes da atual. Os jovens, no entanto, parecem não ter essa percepção.
Encontrar as causas, provavelmente, ajudaria compreender a realidade. Quem criou tudo isso? Nós mesmos. Todos (ou a maioria, pelo menos)...
Afinal, como poderia dar certo aquela velha história – defendida por algumas feministas – de produção independente (criar um filho sem a figura do pai)?
Muitas lideranças políticas brasileiras (do governo e da situação), na prática, sempre defenderam que a educação criaria uma sociedade mais consciente e, assim, mais difícil de enganar; o que levou (esses políticos) ao privilégio de qualquer coisa (pontes, estádios e assim por diante) exceto valorizar o professor e a formação de cidadãos mais conscientes.
Pai e mãe trabalham fora de casa e, de fato, evitam o contato com os filhos (quem nunca ouviu reclamação de pais falando que as férias dos filhos estariam “longa demais”?!...). As crianças são criadas, desde muito pequenas, em “escolinhas” e diante de qualquer reclamação dos filhos (não todos, claro), pais ameaçam processar os professores e as escolas. Em casa, os mesmos pais acreditam que bastaria comprar coisas (como vídeo-game, celular, computadores e “roupas de marca”) e dar dinheiro que evitariam as reclamações do filhos e isso seria uma forma de “educar”.
Mimados, os filhos crescem sem a percepção do que seria autoridade, hierarquia ou ordem. Eles imaginam (equivocadamente) que tudo e todos deveriam existir só para realizar os seus desejos. Quando isso não acontece, ficam com raiva e partem, muitas vezes, para a agressão física contra os mais velhos (os próprios pais ou os policiais, professores, padres, entre outros).
As inovações tecnológicas aparecem como “aliadas” no sentido de distanciar uns dos outros. Ser criado pela internet e pelos “games” (celulares, “tablets”, notebooks e computadores) não significa exatamente ter uma percepção correta do que acontece na vida real, no cotidiano da sociedade.
Neste contexto, os filhos “atuais” chegam aos 18 anos cansados e com bastante tédio. Bebidas alcoólicas? Drogas ilegais (ou legais)? Experiências sexuais (normais ou “bizarras”)? Nada seria novidade.
Os mais velhos – como o Arnaldo Jabor – sentem um saudosismo de uma época em que as coisas eram diferentes. Entretanto, não existe muito o que fazer diante das ações feitas por esses mesmos velhos que, durante décadas, agiram como se não houvesse futuro ou consequências para os seus atos.
Sexo, drogas & rock & roll? Igualdade total entre homens e mulheres (quando são, biologicamente, diferentes)? Utilizar o bem público para enriquecimento próprio (e imaginar que os filhos seriam honestos)?
Casar não necessariamente por amor e sim porque a namorada (agora mãe dos filhos) ficou grávida? Elogiar o "jeitinho brasileiro" que, de fato, era uma forma de "passar os outros para trás", utilizando a corrupção e outros meios mais "discretos"?
Como imaginar que seria possível, num contexto assim, criar adultos responsáveis e éticos?
Reclamar é bom e natural... e um pouco de autocrítica também.
Quem procura a causa (ou a culpa) de algo que saiu errado, claro, deve começar pelo espelho.