“NOVA HISTÓRIA” by profelipe
Tive contato com o debate sobre a Nova História na graduação, na primeira metade da década de 1980. Foi quando li, pela primeira vez, os livros de Michel Foucault. Entretanto, só fui compreender melhor tais problemáticas a partir do mestrado, com as aulas do professor Ciro Flamarion Cardoso (em 1989).
Nunca fui fã da obra de Jacques Le Goff e nem do período – a Idade Média – que ele definiu como o seu objeto de estudo. Entendo que não dá para compreender o capitalismo sem trabalhar com a Idade Média. Até a última revolução tecnológica, o advento da “globalização” e a suposta vitória do neoliberalismo, porém, todas estas questões limitavam-se a Europa Ocidental. Por isso achei um exagero uma declaração do Le Goff:
“(...) eu descobri que a Idade Média foi um período fundamental para a formação da nossa sociedade e da nossa cultura, talvez até mesmo o mais importante.” No original: “(...) j’ai decouvert que le Moyen Age a été une període essencialle pour la formation de notre société e de notre culture, peut-être même la plus importante.” (Le monde de l’education, juillet-août 2001, p. 81)
Eu, como historiador, sempre trabalhei, nas minhas pesquisas, com períodos contemporâneos, aqui no Brasil, especialmente durante a ditadura militar. Metodologicamente, não utilizei nem o estruturalismo de Michel Foucault nem os temas preferidos da Nova História. Concordo, neste sentido, com uma avaliação feita por Ciro Flamarion Cardoso:
“Suponho que minha opinião acerca da ‘Nova História’ tenha ficado suficientemente esclarecida. Trata-se de uma tendência basicamente reacionária.
(...) Quanto ao que a ‘Nova História’ contém de modismos – e não é pouco -, convém recordar, no que tange ao nosso país, que outros modismos, antes de Michel Foucault e da ‘Nova História’, foram importados na área das ciências sociais nestas últimas décadas: Lévi-Strauss, Poulantzas... E apesar de provocarem muita agitação na intelectualidade brasileira (...), deixaram pouco resíduo em termos de obras que, inspirando-se neles, procurassem explicar seriamente a nossa realidade.” (Ensaios racionalistas, p. 114)
Historiadores não são filósofos. Eles precisam comprovar as suas hipóteses com inúmeros documentos. Talvez por isso, mesmo aqueles que se identificavam com a “Nova História”, tenham sido “poupados” nas críticas ao pós-modernismo feitas no livro “Imposturas Intelectuais”.
O caso de Michel Foucault era diferente: tratava-se de um pensador que usava a história – ele preferia termos como “arqueologia” ou genealogia” – para problematizar a filosofia. Ele citava documentos e falava de sua metodologia, mas nunca fazia isso do lugar do historiador na medida em que era filósofo. Isso, porém, não o livrou de várias críticas tanto quanto ao uso seletivo das fontes como a construção de generalizações que não correspondiam a um determinado período histórico.
Tive contato com o debate sobre a Nova História na graduação, na primeira metade da década de 1980. Foi quando li, pela primeira vez, os livros de Michel Foucault. Entretanto, só fui compreender melhor tais problemáticas a partir do mestrado, com as aulas do professor Ciro Flamarion Cardoso (em 1989).
Nunca fui fã da obra de Jacques Le Goff e nem do período – a Idade Média – que ele definiu como o seu objeto de estudo. Entendo que não dá para compreender o capitalismo sem trabalhar com a Idade Média. Até a última revolução tecnológica, o advento da “globalização” e a suposta vitória do neoliberalismo, porém, todas estas questões limitavam-se a Europa Ocidental. Por isso achei um exagero uma declaração do Le Goff:
“(...) eu descobri que a Idade Média foi um período fundamental para a formação da nossa sociedade e da nossa cultura, talvez até mesmo o mais importante.” No original: “(...) j’ai decouvert que le Moyen Age a été une període essencialle pour la formation de notre société e de notre culture, peut-être même la plus importante.” (Le monde de l’education, juillet-août 2001, p. 81)
Eu, como historiador, sempre trabalhei, nas minhas pesquisas, com períodos contemporâneos, aqui no Brasil, especialmente durante a ditadura militar. Metodologicamente, não utilizei nem o estruturalismo de Michel Foucault nem os temas preferidos da Nova História. Concordo, neste sentido, com uma avaliação feita por Ciro Flamarion Cardoso:
“Suponho que minha opinião acerca da ‘Nova História’ tenha ficado suficientemente esclarecida. Trata-se de uma tendência basicamente reacionária.
(...) Quanto ao que a ‘Nova História’ contém de modismos – e não é pouco -, convém recordar, no que tange ao nosso país, que outros modismos, antes de Michel Foucault e da ‘Nova História’, foram importados na área das ciências sociais nestas últimas décadas: Lévi-Strauss, Poulantzas... E apesar de provocarem muita agitação na intelectualidade brasileira (...), deixaram pouco resíduo em termos de obras que, inspirando-se neles, procurassem explicar seriamente a nossa realidade.” (Ensaios racionalistas, p. 114)
Historiadores não são filósofos. Eles precisam comprovar as suas hipóteses com inúmeros documentos. Talvez por isso, mesmo aqueles que se identificavam com a “Nova História”, tenham sido “poupados” nas críticas ao pós-modernismo feitas no livro “Imposturas Intelectuais”.
O caso de Michel Foucault era diferente: tratava-se de um pensador que usava a história – ele preferia termos como “arqueologia” ou genealogia” – para problematizar a filosofia. Ele citava documentos e falava de sua metodologia, mas nunca fazia isso do lugar do historiador na medida em que era filósofo. Isso, porém, não o livrou de várias críticas tanto quanto ao uso seletivo das fontes como a construção de generalizações que não correspondiam a um determinado período histórico.